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Nem sempre é depressão, mas é bom ficar atento!

Mas afinal, como sei se estou triste ou deprimido?

Muitas vezes, nos pegamos tristes e logo nos vem a dúvida: será que isto que estou sentindo é tristeza mesmo ou será que estou com depressão?

Esta é uma dúvida muito recorrente, uma vez que casos de depressão são cada vez mais frequentes, principalmente nessa época de pandemia, que temos sido obrigados a viver mais isolados, mudar nossa rotina e principalmente, tivemos nossa vida social comprometida.

Mas para diferenciar a tristeza da depressão, é necessário que estejamos atentos principalmente a dois critérios: a duração dos sintomas e o tipo de evento que justifique esse sentimento.

Quando a tristeza persiste por muitos dias e não está associada a um evento importante que tenha acontecido recentemente, como a perda de alguém querido ou percebermos que nossas atividades diárias estão comprometidas, é hora de investigar o que está ocorrendo.

Além disso, outros sintomas podem aparecer como: insônia ou sono em excesso, falta de apetite ou vontade excessiva de comer, desânimo para executar as atividades que antes nos davam prazer, irritabilidade sem motivo aparente, oscilações de humor, sentimento de menos valia, culpa, angústia, pensamentos negativos recorrentes e persistentes e, às vezes, sensação de que nada mais tem sentido, nos levando a pensar em acabar com nossa vida.

Se esses sintomas persistirem por mais de duas semanas de forma contínua, é hora de procurarmos ajuda. Mas é bom estarmos atentos, porque nem sempre todos os sintomas citados acima irão aparecer ao mesmo tempo.

Quando estamos com depressão, não surgem apenas sintomas emocionais, há a presença de sintomas físicos também: dor de cabeça frequente, diarreia ou constipação, pressão no peito, problemas gástricos e baixa da imunidade.

A depressão é uma dor na alma

De acordo com o estudioso Bowlby, a depressão é decorrente de qualquer estado que desorganize o pensamento, incluindo a perda (Bowlby, 1993) e essa desorganização traz sofrimento psíquico. O problema é que as dores da alma são invisíveis.

Quando estamos com uma doença onde os sintomas estão aparentes em nosso corpo físico, como uma catapora ou quando amputamos um membro do corpo, nossa aparência demonstra nosso estado e isso faz com que os outros percebam que estamos em sofrimento. Porém, quando estamos com sintomas que estão internamente dilacerando nossa alma, mas que são invisíveis aos olhos dos outros, muitas vezes, nossa dor não é validada.

Quando estamos com depressão, é muito comum, ouvir frases do tipo: “isso é preguiça, levanta da cama!” ou “o que falta é você rezar, isso é falta de Deus!” e também “como você pode ser tão ingrato, você tem tudo!”. Essas frases, só fazem nos maltratar ainda mais, porque na maioria das vezes, estamos fragilizados e precisando de colo e não de alguém que aponte o dedo e nos julgue por algo que está doendo lá dentro de nossa alma.

Quem está de fora, não tem ideia do quanto que a dor da alma é avassaladora e assustadora. Ninguém escolhe ter câncer, nem asma, assim como também, ninguém escolhe ter depressão. Mas por ser uma doença que não apresenta sintomas externos, muitos tendem a não acreditar ou achar que estamos sendo fracos.

Pelo contrário, muitas vezes a depressão vem como consequência de termos sido fortes demais por muito tempo. Nessa rotina tão cheia de atropelos que vivemos, muitas vezes não nos cuidamos, não paramos para nos perceber e atender as nossas necessidades. É muito comum estarmos mais preocupados em cumprir tarefas ou ajudar os que nos cercam do que em ouvir nosso interior que clama por acolhimento e pausa.

Estou com depressão, e agora?

 A primeira coisa que precisamos fazer quando percebermos os sinais e sintomas de depressão, é procurarmos ajuda de um profissional. Por ser uma doença, a depressão precisa de diagnóstico e acompanhamento do psiquiatra, que, após uma avaliação, irá iniciar o tratamento mais adequado ao nosso quadro.

Além do acompanhamento do psiquiatra, muitas vezes é importante também fazer terapia, porque através de técnicas, o terapeuta irá nos ensinar a lidar com nossos sentimentos e emoções. A terapia vai trabalhar o autoconhecimento e através dele, podemos obter maior equilíbrio emocional, uma vez que, nos autoconhecendo, estaremos desvendando potencialidades adormecidas em nós.

Podemos também, utilizar outros recursos que nos ajudem a ter uma melhor qualidade de vida. Diversos estudos já comprovaram a importância de incluir  a atividade física, meditação, momentos de lazer e a alimentação saudável na nossa rotina.

Mas é essencial que pratiquemos o autoamor, que não sejamos tão exigentes conosco, que possamos perdoar nossas falhas, que sejamos capazes de nos acolher e nos abraçar todos os dias, que possamos nos perceber seres humanos e, portanto, falíveis, que possamos nos permitir não dar conta de tudo e não ter o controle de tudo e, tudo bem que isso aconteça.

Se a dor da alma é algo que ninguém vê e sente, só nós podemos identificar onde dói e porquê dói, sem medo de encontrar o que nos fere.

Referências:

Bowlby, J. (1993). Tristeza e Depressão. Apego e Perda. Vol. 3. São Paulo: Martins Fontes.

5 Responses to “Nem sempre é depressão, mas é bom ficar atento!

  • ronivaldo
    3 anos ago

    sofrer de depressao é muito ruim só quem passa por isso sabe o que é. Espero vencer essa doença, pq minha familia precisa de mim.

    • Ana Regina
      3 anos ago

      Você tem razão Ronivaldo, sofrer de depressão é muito ruim, é um sofrimento que só vivenciando podemos compreender a extensão da dor, mas o importante é você saber que diante desse quadro, é importante viver um dia de cada vez e fazer acompanhamento profissional.
      Como você bem disse, sua família precisa de você e nós estamos aqui para te acolher e caminhar contigo, você não está sozinho 🙂

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