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Por que a depressão está crescendo tanto no mundo?

Depois de mais de um ano de pandemia, não tem como não estarmos sentindo as consequências do isolamento social, da quarentena, afastamento e perdas das pessoas que amamos. Aquilo que no primeiro momento nos trouxe a sensação que seria rápido e em breve tudo estaria dentro da normalidade, tem nos mostrado que a jornada é mais longa do que imaginávamos.

Como conseguir nos manter firmes diante de um cenário tão desanimador?


Parece que nossas forças e resiliência estão sendo testadas até o último grau e por mais que estejamos tentando nos manter firmes, há uma sensação de que não estamos mais “vivendo”, apenas “sobrevivendo”.
O medo da morte anda rondando nossa rotina de forma tão intensa que estamos deixando de viver por medo de morrer. A vida está simplesmente desfilando dia a dia a nossa frente e nós estamos de telespectadores passivos, simplesmente vendo o tempo passar.
Se o que nos mantêm motivados é uma razão e um motivo para viver, estamos paralisados, engavetando projetos, resistente à traçar metas e fazer planejamentos, porque tudo está muito incerto, a insegurança tomou conta de nossas vidas de forma devastadora e, essa sensação de não ter controle de nada (embora nunca tivéssemos tido, mas o cenário era mais previsível), nos causa angústia e aflição.

Como está a depressão no mundo

 
A depressão é um transtorno que ocasiona grande sofrimento ao indivíduo, podendo afetar toda sua vida tanto no aspecto pessoal como no social e profissional. Em casos mais graves, a depressão pode levar ao suicídio, sendo ela, a segunda principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos.
De acordo com um estudo feito pela USP (Universidade de São Paulo) com onze países, o Brasil é o país com mais casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. Em segundo lugar está a Irlanda e em terceiro os Estados Unidos.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), mais de 300 milhões de pessoas têm depressão em todo o mundo. A própria OMS, também divulgou um estudo que aponta que, devido à pandemia, a grande maioria dos países interromperam  os atendimentos a pessoas com enfermidades psiquiátricas.
Diante deste quadro, pesquisadores ingleses, publicaram em maio deste ano,  no Journal of Mental Health, quatro medidas que, segundo eles, precisam ser adotadas de forma urgente, para que o mundo possa estar preparado para enfrentar os casos de depressão e ansiedade que irão surgir nas próximas décadas:
– Fazer um levantamento do número de crianças e jovens que estão apresentando problema mental persistente;
– Ter um maior entendimento da conexão entre a saúde física e mental;
–  Melhorar os serviços de apoio já existentes e criar novos;
– Facilitar o acesso às redes de apoio;

Fatores que levaram ao aumento de casos de depressão no mundo

A pandemia tem se demonstrado um acontecimento traumático, que está deixando marcas negativas na população do planeta. O sentimento de medo e estresse constante, são fatores que podem desencadear  a depressão e a crise de ansiedade, pânico e outras psicopatologias.
Além destes, o longo período de isolamento, é um fator importante a ser observado, uma vez que não só reduziu as relações sociais e de trabalho, como também reduziu os momentos de lazer e interação fora do ambiente domésticos. O homem é um ser social e estar impossibilitado de interagir, criar novos laços, expandir suas relações sociais, acarretam uma enorme solidão e um vazio existencial.
Para os adolescentes e jovens, essa situação é ainda mais crítica, uma vez que é nessa idade que eles começam a criar sua própria identidade e precisam do meio social para ocuparem seu espaço e criarem a sensação de pertencimento à sociedade. De acordo com estudo da da USP, por serem mais vulneráveis, uma em cada quatro crianças e adolescentes, apresentou necessidade de intervenção de especialistas por apresentarem sintomas de ansiedade e depressão.
A violência doméstica também aumentou significativamente com a pandemia. Obrigadas a conviver 24 horas com seu agressor, o medo, a ansiedade e a insegurança, tomou conta das vítimas de violência que se sentem isoladas e muitas vezes, sofrem em silêncio. Essa rotina de tensão e estresse constantes, aumenta as chances dessas mulheres desenvolverem depressão.
A pandemia também teve um profundo impacto na vida dos idosos, potencializando sintomas já tão frequentes nessa idade como a solidão e a sensação de inutilidade. Obrigados a se isolarem de familiares, vizinhos, amigos e impossibilitados de sair de casa, acrescido à constantes notícias de aumento de casos e número de óbitos, o índice de depressão associado à essa parcela da população tem crescido de forma assustadora.

O que nos espera

Por mais que vários artigos e publicações tragam sempre textos parecidos que falem da importância da resiliência, empatia e cuidados com a saúde mental, é exatamente dessa forma que conseguiremos atravessar essa tempestade toda.
Investir inicialmente na relação familiar saudável é fundamental, porque quando nos sentimos acolhidos, nosso coração consegue permanecer aquecido, mesmo dentro desse vendaval chamado covid-19. E quando falamos em relação familiar, não tem a ver com laços de sangue, mas de pessoas com as quais nos sentimos confortáveis e amadas, pessoas que verdadeiramente se importam com a nossa vida.
Além disso, é essencial investir na melhoria e no aumento da rede de apoio, principalmente voltando uma atenção especial às crianças e jovens, através de programas dentro das escolas e com as famílias, para lhes ensinar a enfrentar as adversidades da vida.
Ainda que exista um nevoeiro que nos impede de criar um cenário positivo diante da pandemia, precisamos seguir firmes. É permitido cansar, pausar, descansar, desanimar de vez em quando, mas nunca desistir.
Uma das grandes lições que a pandemia tem nos ensinado é que precisamos sair da nossa visão individualista, sair do nosso casulo e entender que precisamos pensar e agir como um todo, porque quando a sociedade se beneficia, o benefício se reflete em todos, é necessário que seja uma construção conjunta.

 

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