E de repente, você se foi… Sem me deixar dar um último beijo, nem abraço, nem ao menos repetir mais uma vez que o amava. A morte não espera… Ela chega, arrasta, arrasa. Ela arranca de nós, nossos amores e com isso, dilacera nosso coração e deixa um vazio insuportável na nossa alma. Parece que de repente, tudo perde a cor e o sentido. Viver passa a ser uma obrigação e um cumprimento de tarefas e, deixa de ser uma experiência cheia de magia. Com a morte de quem amamos, a vida perde a magia. O dia fica cinza, o sol não tem calor e há uma espera ansiosa pela noite, para de novo mergulharmos na cama e deixarmos o vazio transbordar em lágrimas. Lágrimas que escorrem como chuva que teima em cair, mesmo depois que o rio já esteja transbordando. A morte é assim, impiedosa, fria e sem sentido. Ainda que haja uma fé sólida, uma crença robusta em alguma coisa, qualquer religião que tente explicar ou consolar, a dor da morte transcende nosso ser. É uma dor tão absurda, quase palpável, devastadora. Buscar consolo em frases feitas de que tudo passa e que a dor vai acalmar, é quase um insulto a um sentimento tão real. Não, isso não vai passar, pode até acalmar, mas passar, não vai. É como se tivesse arrancado um pedaço do nosso corpo e, mesmo que a dor latejante da mutilação cesse, esse pedaço não estará mais lá e isso será lembrado todos os dias. Assim como a vida não será mais a mesma, quando perdemos alguém que amamos.
Mas e agora? Mesmo achando que ainda teríamos muito tempo juntos, o tempo acabou… Mesmo sabendo que um dia a vida acaba para todos e isso é um fato que, embora dolorido, seja real, ninguém está pronto para esse dia. Não há palavras que aliviem, religião que console, colo que aqueça. Mas, ainda assim, brigando com a dor que nos derruba e as lágrimas que nos inundam, é preciso seguir. Seguir para onde? Não sei! Mas tem que haver um jeito, um curativo que estanque essa ferida até que pelo menos fique apenas uma cicatriz. A cicatriz que vai me lembrar que você existiu de verdade. Que vivemos, que rimos juntos e choramos também. Que foram dias incríveis e que faria tudo de novo, mas que por alguma razão você teve que partir. E também por alguma razão, eu fiquei aqui. Então, em meio a tantas razões que desconheço, talvez eu tenha que procurar uma nova razão. Uma razão para viver e continuar sem você. Procurar cor no dia cinza, calor que aqueça a alma entristecida e, me permitir seguir. Entender que não tenho controle de nada e aceitar isso. Saber que o tempo está passando e se você não vai mais voltar, por amor a você, eu preciso viver. Permitir que a dor vire saudade e não me impor a obrigação de ser infeliz por você ter partido. Pelo contrário, quando lembro de teu sorriso, tenho a certeza que era isso que você iria querer, que eu voltasse a sorrir. Então levanto, seco as lágrimas. Arrumo um espaço, uma caixa, um baú, qualquer lugar onde eu possa guardar recordações tuas e onde eu possa voltar e visitar todas as vezes que a dor apertar. Mas sigo, acreditando que é assim. Assim é a vida e não nos cabe tentar entender o porquê, mas ter a certeza que existe um para quê….
[…] como não estarmos sentindo as consequências do isolamento social, da quarentena, afastamento e perdas das pessoas que amamos. Aquilo que no primeiro momento nos trouxe a sensação que seria rápido e em breve […]
[…] Com as festas de final de ano chegando, naturalmente muitos serão invadidos por um misto de sentimentos, principalmente, quem está vivendo o luto. […]
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