contato@acolhe-dor.org 83 9 8797 1067

Luto: será que essa dor um dia vai passar?

E de repente, você se foi…
Sem me deixar dar um último beijo, nem abraço, nem ao menos repetir mais uma vez que o amava.
A morte não espera…
Ela chega, arrasta, arrasa.
Ela arranca de nós, nossos amores e com isso, dilacera nosso coração e deixa um vazio insuportável na nossa alma.
Parece que de repente, tudo perde a cor e o sentido.
Viver passa a ser uma obrigação e um cumprimento de tarefas e, deixa de ser uma experiência cheia de magia.
Com a morte de quem amamos, a vida perde a magia.
O dia fica cinza, o sol não tem calor e há uma espera ansiosa pela noite, para de novo mergulharmos na cama e deixarmos o vazio transbordar em lágrimas.
Lágrimas que escorrem como chuva que teima em cair, mesmo depois que o rio já esteja transbordando.
A morte é assim, impiedosa, fria e sem sentido.
Ainda que haja uma fé sólida, uma crença robusta em alguma coisa, qualquer religião que tente explicar ou consolar, a dor da morte transcende nosso ser.
É uma dor tão absurda, quase palpável, devastadora.
Buscar consolo em frases feitas de que tudo passa e que a dor vai acalmar, é quase um insulto a um sentimento tão real.
Não, isso não vai passar, pode até acalmar, mas passar, não vai.
É como se tivesse arrancado um pedaço do nosso corpo e, mesmo que a dor latejante da mutilação cesse, esse pedaço não estará mais lá e isso será lembrado todos os dias.
Assim como a vida não será mais a mesma, quando perdemos alguém que amamos.

Mas e agora?
Mesmo achando que ainda teríamos muito tempo juntos, o tempo acabou…
Mesmo sabendo que um dia a vida acaba para todos e isso é um fato que, embora dolorido, seja real, ninguém está pronto para esse dia.
Não há palavras que aliviem, religião que console, colo que aqueça.
Mas, ainda assim, brigando com a dor que nos derruba e as lágrimas que nos inundam, é preciso seguir.
Seguir para onde?
Não sei!
Mas tem que haver um jeito, um curativo que estanque essa ferida até que pelo menos fique apenas uma cicatriz.
A cicatriz que vai me lembrar que você existiu de verdade.
Que vivemos, que rimos juntos e choramos também.
Que foram dias incríveis e que faria tudo de novo, mas que por alguma razão você teve que partir.
E também por alguma razão, eu fiquei aqui.
Então, em meio a tantas razões que desconheço, talvez eu tenha que procurar uma nova razão.
Uma razão para viver e continuar sem você.
Procurar cor no dia cinza, calor que aqueça a alma entristecida e, me permitir seguir.
Entender que não tenho controle de nada e aceitar isso.
Saber que o tempo está passando e se você não vai mais voltar, por amor a você, eu preciso viver.
Permitir que a dor vire saudade e não me impor a obrigação de ser infeliz por você ter partido.
Pelo contrário, quando lembro de teu sorriso, tenho a certeza que era isso que você iria querer, que eu voltasse a sorrir.
Então levanto, seco as lágrimas.
Arrumo um espaço, uma caixa, um baú, qualquer lugar onde eu possa guardar recordações tuas e onde eu possa voltar e visitar todas as vezes que a dor apertar.
Mas sigo, acreditando que é assim.
Assim é a vida e não nos cabe tentar entender o porquê, mas ter a certeza que existe um para quê….

Trackbacks & Pings

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *