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Você sabe o que é a Coronofobia?

O termo coronofobia está sendo utilizado para designar o medo e a preocupação que as pessoas estão sentindo em contrair o Covid-19, porque além de temer pela nossa própria vida, esse vírus nos leva a sentir também, um imenso receio em contaminar as pessoas que amamos.

De repente nos vimos obrigados a mudar hábitos de uma vida inteira, reaprender a conviver, olhar ao nosso redor e ver de perto pessoas que amamos perder a vida, desenvolver uma tensão maior em relação ao futuro, pelas incertezas econômicas que a pandemia trouxe para o mundo inteiro.

Estamos vivendo numa situação de expectativas, onde de vez em quando, uma sensação de desesperança vem nos visitar e, se não estivermos numa busca constante de manter um pouco de equilíbrio emocional, ficaremos cada vez mais vulneráveis a desenvolver quadros de ansiedade, depressãopânico e outros transtornos mentais.

A pandemia nos deixou mais vulneráveis

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior prevalência de ansiedade do mundo e diante desse cenário de incertezas que a pandemia nos trouxe, é possível que o índice de brasileiros diagnosticados com ansiedade, cresça ainda mais.

Por mais que nunca tenhamos tido controle de nada, tínhamos a sensação disso. Nos sentíamos mais confiantes em desenvolver projetos e planos como se nada pudesse acontecer e tudo ia se realizar da forma como idealizamos. Mas com a pandemia, estamos nos sentindo inseguros, vulneráveis, sem controle daquilo que imaginávamos ter.

O sentimento de insegurança nos invadiu de forma assustadora e descontrolada e vale ressaltar que, a disseminação de informações imprecisas e falsas, geram um sofrimento psíquico ainda maior. As redes sociais estão repletas de postagens negativas mas não fundamentadas, principalmente em relação às vacinas, que aumentam ainda mais a nossa instabilidade emocional.

Nos sentir sem controle, nos perceber vulneráveis demais, olhar ao redor e perceber que em pleno século XXI, pessoas estão perdendo a vida para um vírus, desperta em nós questionamentos profundos sobre a vida. Além disso, estamos sendo obrigados a fazer um reajustamento pessoal e social para poder voltar a uma rotina pelo menos perto do que antes era considerado normal.

Como saber se estou com Coronofobia?

 

Por ser um termo recente, ainda há poucos estudos referente ao tema. De início, sabe-se que toda fobia é caracterizada por um medo persistente e que às vezes toma proporções intensas em relação a uma situação. No caso do covid-19, esse receio, que se apresenta de forma desproporcional, surge a partir do medo excessivo em apresentar sintomas graves da doença e precisar internação, situações de evitação social extrema (um isolamento ainda mais rigoroso) e do nível elevado de estresse no que se refere às perdas pessoais e sociais que ocorreram durante a pandemia.

Estudos internacionais desenvolveram uma escala criada para avaliar os sintomas do indivíduo e a partir daí, detectar se é um quadro de coronofobia. A escala se chama Coronavirus Anxiety Scale . No Brasil, com base nesta escala, estudiosos trabalham numa versão adaptada e dentro de uma pesquisa desenvolvida, sinalizam para os seguintes fatores que são importantes para serem observados:

– o medo e a ansiedade sobre o corona estão prejudicando a vida social e o trabalho;

– se está ocorrendo alteração no sono;

– a frequência com que os sintomas de ansiedade estão aparecendo;

– uma evitação social intensa e uma exacerbação nos cuidados com a saúde, como por exemplo, lavar as mãos de forma recorrente e outras atitudes;

– sentir palpitações e ansiedade caso apresente quadros que apresentem sintomas parecidos com o covid-19, como crises alérgicas, por exemplo.

A vida precisa seguir

 

Sabemos que essa pandemia nos desestruturou, sabemos que as perdas foram muitas, que o luto adentrou nossa casa e levou pessoas queridas, mas, é preciso seguir. Reconstruir, recomeçar, acreditar que, embora de forma estranha, o novo normal vai aos poucos nos fazer sentir mais confortáveis e confiantes.

Ao mesmo tempo, é preciso que tenhamos um olhar mais atento para nós mesmos, buscar o autoconhecimento, que nos faz despertar para ferramentas e valores que nem sabemos que possuímos, mas que são importantes para nos motivar a seguir a caminhada, cuidar da nossa saúde física e mental. A partir do momento que nos conhecemos melhor, podemos descobrir habilidades mentais que serão essenciais para nos ajudar no mundo pós-pandêmico.

A vida urge, o tempo passa e por mais que a pandemia tenha deixado marcas dolorosas, é preciso levantar, sacudir a poeira e seguir. Não podemos permitir que o funcionamento da nossa vida diária seja mais prejudicado do que o suficiente. Já temos feridas demais para remediar.

Sei que o adoecimento não acontece porque nós desejamos que ele aconteça. Não escolhemos ter coronofobia, assim como qualquer outro tipo de adoecimento psíquico, eles surgem a partir do contexto em que estamos vivendo e que tem nos levado a um elevado grau de estresse e sofrimento emocional.

Por isso a necessidade de uma atenção especial ao nosso eu, refletir sobre:

– Como está sendo seu dia?

– Quais sentimentos estão mais presentes em você? Sentimentos positivos ou negativos?

– Você tem separado um tempo para fazer coisas que gosta?

– Você tem comemorado as pequenas conquistas ou se prende apenas em se repreender quando comete algum erro?

– Você tem sido compassivo e acolhedor com você mesmo nos momentos que se percebe mais desanimado?

– Você tem falado dos seus sentimentos para alguém ou está jogando tudo para debaixo do tapete?

Pequenas atitudes fazem grande diferença e não é egoísmo procurar formas de se agradar, de se presentear, de olhar para si e se parabenizar porque já venceu grandes batalhas e superou muitos dias ruins.

Todos nós somos responsáveis para que essa pandemia chegue ao fim. Precisamos tomar a vacina, manter os cuidados de higiene e sempre que possível evitar locais fechados e com muita aglomeração. Tudo isso é importante, mas não podemos parar de viver, estamos cansados demais, precisamos sentir a vida pulsar novamente nas nossas veias.  

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