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Como ter um ano novo de verdade

E lá vem aquela história de novo de votos que possamos realizar todos os sonhos no ano novo, que tudo seja diferente e blá blá blá…

Mas o que seria de nós se não fosse a esperança insistindo sempre em ativar nosso modo de VAI DAR TUDO CERTO!?

O que seria da humanidade se não fôssemos tão resilientes, tão insistentes, tão lutadores? O que seria de nós se, diante do caos, não sentíssemos aquela ponta de certeza de que, se não está tudo bem ainda, é porque não terminou?!

Não tem sido fácil, aliás, acho que nunca foi tão difícil. Estamos esgotados emocionalmente com essa pandemia que finge que vai, mas não quer ir embora. Mutações, novas versões, que aparecem a cada momento como se estivéssemos num ciclo e não conseguíssemos quebrá-lo para seguir outro rumo.

Como manter o ânimo e a esperança num novo ano, se acreditávamos que 2021 ia ser diferente e de repente o cenário foi o mesmo? Tivemos que nos manter isolados, distantes dos abraços, dos passeios e, quando nos lançamos com mais coragem, vieram novas altas na quantidade de casos e tudo voltou à estaca zero.

Tínhamos uma falsa crença de que tínhamos controle de tudo e a pandemia veio nos mostrar que realmente, nunca tivemos controle de nada e agora, menos ainda. Isso nos gerou uma ansiedade e angústia enorme, diante das incertezas quanto ao presente e ao futuro.

Diante das incertezas, ainda tivemos que enfrentar tantas perdas, luto por pessoas queridas que nem sequer pudemos velar, perda de empregos, perda da liberdade de ir e vir, perda de relacionamentos amorosos que sucumbiram durante a rotina e na convivência limitada em cômodos fechados.

Foi necessário nos reinventarmos, buscar novos sentidos para a vida que de repente se tornou tão sem cor. Ver e sentir o sofrimento tão próximo a nós, nos tornou mais reflexivos sobre o significado do “viver”.

O novo ano chegou, e ainda estamos cheios de sequelas, assustados, temerosos, não confiantes ainda em traçar planos nem metas. O vírus continua por perto, dizendo: “vai com calma, ainda estou aqui, ainda tenho muito a ensinar”. Já não há tantas mortes, mas aquele pânico de que a qualquer momento tudo possa despencar, nos mantêm travados, inseguros, indefesos.

Mas vamos nos mexer, vamos nos permitir, vamos acreditar que não temos controle sobre nada na vida, mas podemos trabalhar a forma que vamos agir diante das adversidades da vida. Tudo na vida tem o lado bom e o ruim, em tudo há chances de 50% em ser algo positivo ou negativo e nós temos a tendência de focar apenas nos resultados e acontecimentos negativos. Talvez seja um mecanismo de defesa, mas ao mesmo tempo, esse comportamento nos coloca pessimista e nos traz um peso desnecessário.

Não falo aqui em sermos excessivamente otimistas, numa positividade tóxica, mas em olharmos os fatos com mais clareza e buscar neles o que pode acontecer de ruim e o que pode acontecer de bom. Além disso, deixar que eles aconteçam primeiro, porque não adianta estar se PREocupando com fatos que não aconteceram ou que talvez nem aconteçam.

Nunca foi tão necessário e saudável viver um dia de cada vez. Focar no mais concreto, no que de fato se pode realizar num espaço curto de tempo. Ja se sabe que a ansiedade é o execesso de futuro, a depressão é o excesso de passado e o estresse é quando o presente está cansativo demais, então, é preciso um equilíbrio nessa conta para que possamos atravessar mais um ano com menos peso nas costas.

Então, que tal investir em si para se dar de presente um ano novo com mais possibilidades de aprendizado? Trabalhar o autoconhecimento porque geralmente a gente sai atropelando os acontecimentos ruins, empurrando para debaixo do tapete, se desaguando em lágrimas sem buscar o sentido do que está acontecendo, colocando um sorriso no rosto, quando na verdade a alma clama por uma atenção.

Que tal fazer diferente? Encarar as dores, as imperfeições, os erros, as dificuldades e dizer para elas: me fala, o que você tem para me ensinar? De que forma eu posso ser uma pessoa melhor para mim mesma e para o outro diante desse acontecimento?

Não permitir que os monstros sejam maiores que você, mas olhar nos olhos dele, dizer que sabe que ele existe, mas que você é maior do que ele. Você pode não ter controle da vida, mas aprender a ter controle sobre seus monstros.

Aí sim, o ano novo vai valer a pena, porque ao chegar lá no fim dele, independente de pandemia, dores, amores, decepções, altos e baixos, você poderá se olhar no espelho e dizer: eu fui, eu enfrentei, eu cresci, que orgulho de mim!

 

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