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Estresse: O grande vilão da saúde

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), do Ministério da Saúde , estresse é uma “reação natural do organismo que ocorre quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça. Esse mecanismo nos coloca em estado de alerta ou alarme, provocando alterações físicas e emocionais. A reação ao estresse é uma atitude biológica necessária para a adaptação às situações novas.”

Não são apenas os eventos negativos que desencadeiam o processo de estresse, eventos positivos também podem provocar uma quebra no nosso equilíbrio interno, provocando sintomas físicos e/ou psicológicos.

Outro fator importante a ser considerado quando se fala em estresse, é que as pessoas têm reações diferentes diante de situações iguais e nem sempre, o que vai provocar sintomas de estresse em uns, provocará em outros.

Mas a pergunta é: até que ponto essa sensação estressante é normal?

Para responder essa dúvida, é importante estar atento às fases do estresse que são: fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão e é exatamente nessa última fase que reside o perigo.

A fase de alerta ocorre quando acontece o evento estressor, desencadeando alguns sintomas como suor, tensão, insônia, diarreia passageira, respiração ofegante, taquicardia e outros. Quando isso ocorre, o organismo tenta se reequilibrar, é a fase chama de resistência e provoca sintomas como cansaço, alteração no apetite, problemas de pele, aumento da pressão arterial, tontura, gastrite, emoções mais intensas.

Caso o organismo não consiga se reequilibrar, ocorre a fase de exaustão, onde o indivíduo passa a apresentar os sintomas citados na fase de resistência, só que de forma mais profunda: os problemas de pele se intensificam, a dor no estômago pode se transformar numa gastrite, a pressão arterial permanece alterada, podendo surgir doenças cardiovasculares, o estado emocional fica mais abalado, havendo uma predisposição de aparecimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão, pânico e nessa fase, a pessoa pode ficar incapacitada de realizar suas atividades rotineiras, afetando sua vida como um todo.

De acordo com Dra. Fernanda Pereira, professora de Psicologia e Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Uerj, numa reportagem publicada no Site do Hospital Universitário Pedro Ernesto, “o conceito da palavra estresse vem do utilizado na engenharia na qual estresse significa o máximo de peso que uma estrutura física consegue suportar sem ruir” e esse conceito relata exatamente o que acontece caso não estejamos atentos às fases do estresse e procurar reverter o quadro o quanto antes.

O estresse e a pandemia

 

Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília, mencionou que a OMS (Organização Mundial da Saúde), informou que houve aumento dos índices de ansiedade, depressão e suicídio. Para ela é uma constatação das situações vividas durante a pandemia do covid-19, o que vai de acordo com os argumentos da psicóloga do Nust Luciana Cavanellas, que definiu muito bem o momento: “É quando você perde a visão instantaneamente e deixa de enxergar um pouco à frente, mas você precisa continuar. Como agimos? A primeira coisa é testar nossos recursos e usar outros sentidos para ampliar a percepção. Ao mesmo tempo, você se sente conectado com os outros porque todo mundo está vivendo a mesma coisa. Não saber o que vem a frente é muito ruim e angustiante, mas não estamos sós”, descreve. 

Além do sofrimento emocional que o isolamento social provocou, outro fator que colaborou para o aumento do estresse devido à pandemia foi a perda de entes queridos. Muitas pessoas estão sofrendo um luto sem precedentes. Foram muitas perdas, pessoas que saíram de casa para uma consulta no hospital e que não voltaram mais para casa, sendo enterradas sem os rituais fúnebres tradicionais da cultura humana, deixando uma lacuna na alma daqueles que a amavam. Além da dor da perda, muitas vezes a pessoa que se foi, era o suporte financeiro da casa e o medo e incerteza do futuro, também são fatores desencadeantes de um estresse crônico.

Como então, podemos evitar que essa “reação natural” do organismo,se transforme num problema de saúde?

Para que os acontecimentos estressores do dia a dia não se transformem num problema de saúde física ou emocional, é importante que tenhamos mais atenção a nossa rotina. São pequenos hábitos que precisamos desenvolver para que, no momento em que ocorrer um evento que desequilibre nosso organismo, ele tenha as ferramentas necessárias para trabalhar e conseguir reverter de forma saudável, aquele desequilíbrio.

Todos passamos por diversas dificuldades ao longo da vida, ninguém está imune a isso, mas a forma pela qual eu posso me preparar para que, diante das diversidades da vida, meu corpo esteja pronto para reagir e não perder o controle, é que vai fazer a diferença. Permitir que meu corpo passe pelo “processo natural” do estresse, mas que esse processo natural, não seja um precursor de um estresse crônico.

Não existe uma fórmula mágica para isso, mas, como dito antes, é essencial para a nossa saúde física e mental, desenvolvermos hábitos saudáveis, aqueles que já sabemos: atividade física, boa alimentação, estar atento à qualidade do sono, ter uma vida social. Mas além desses que já cansamos de saber, estudos têm mostrado cada vez mais, a importância de trabalharmos o AUTOCONHECIMENTO.

Quando falei anteriormente que o nosso organismo precisa ter “ferramentas” para equilibrar nosso corpo quando ocorrer um evento estressante, estava falando justamente do Autoconhecimento. Só quando eu me conhecer verdadeiramente, minhas habilidades, meu potencial, minhas fraquezas, meus pontos fortes e fracos, é que conseguirei reagir de forma mais assertiva diante de um evento estressor.

Esse é “o pulo do gato”, não há uma fórmula de bolo detalhada de como fazermos para não permitir que as dificuldades da vida nos leve ao adoecimento. Não temos como escapar de ler e ouvir incansavelmente que precisamos ter uma rotina saudável como forma de prevenção de “n” doenças e agora, também precisamos incluir na nossa lista de autocuidado e autoamor, trabalhar o autoconhecimento, como uma ferramenta que vai no ajudar e muito, a vencermos as batalhas diárias que surgirem em nossa vida.

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